Vida dura!

Ser remador já por si não é fácil, sacrifícios, disciplina, trabalho, abdicar de muita coisa com o objectivo de conseguir uma vitória, é duro, mas, ser remador ligeiro ainda é mais difícil, além de tudo isto, tem que se abdicar também da nossa verdadeira gasolina, a comida. Para um cidadão normal e corrente cortar um pouco na sua dose alimentar talvez nem seria um grande problema, mas quando se trata de um desportista que para além de cortar na comida, ainda tem de ter energia suficiente para dar o seu máximo nos treinos e cumprir o difícil programa, na sua fase final, ou seja, quando os treinos são mais duros, é complicado. A três semanas do campeonato nacional de verão, a dieta para os pesos ligeiros entra na sua fase rígida, tolerância zero, a partir de agora não são permitidos nenhuns tipos de excessos, temos de estar muito perto do peso necessário, treinar já quase com o peso estipulado para cada um, para habituar o nosso organismo ás condições que nos esperam, e para evitar o maior erro que algum remador pode cometer, andar a correr de impermeável vestido horas antes de uma regata, para superar a difícil prova da balança. A prova da balança, aqui reside talvez a única vantagem de um remador ligeiro, enquanto a maioria dos remadores estão horas e horas antes das provas com uma ansiedade e nervosismo elevado a pensar na regata que lhes espera, o remador ligeiro até á hora da pesagem praticamente nem pensa na regata que vai fazer, apenas pensa na hora da pesagem, nas sandes e nas bananas que tem guardadas na mochila. Os hábitos alimentares mudam bastante, não só a nível de quantidades, como a nível de qualidade, assim, aqui fica um pouco descrito alguns dos segredos da minha dieta. De manha acabou o pão ou as torradas com manteiga, agora como os intragáveis “All Bran”, ricos em fibras e essenciais para o bom funcionamento do intestino, funciona mesmo, a meio da manha o pastel de nata ou o queque tão saboroso é trocado por uma peça de fruta, no almoço, novamente sem pão, só se for integral, nunca se mistura batatas, arroz ou massa, apenas se opta por uma, evita-se os fritos, e reduz-se um pouco á dose de carne ou de peixe, para sobremesa outra peça de fruta, no lanche o “Magnum Dobble de Caramelo” tem que ficar na arca até depois do nacional, e as bolachas integrais e o iogurte magro natural passam a fazer parte dos dez minutos sagrados do coffee break da tarde, no jantar, geralmente depois do treino, como já foram gastas algumas calorias, de vez em quando pode-se juntar à refeição uma sopinha de legumes, antes da horinha da caminha também se pode comer uma barrita de cereais, só mesmo para enganar o estômago e para ele não roncar muito durante a noite, tudo isto é claro, sempre com um controle muito rigoroso da balança, ou seja quanto mais perto do peso, mais podemos comer, quanto mais afastados do peso, menos devemos de comer. Muito importante mesmo, nestes últimos dias é controlar o peso várias vezes durante todo o dia, para entender um pouco como se comporta o nosso organismo, e como em todas as dietas, beber muita água durante todo o dia e nunca estar largos períodos de tempo sem comer pois desta maneira vamos chegar á hora das refeições com muita mais fome, por isso umas bolachinhas ou tostinhas integrais ou alguma peça de fruta devem nos acompanhar sempre, bem como se houver possibilidade tomar algum complexo vitamínico, porque nisto das dietas falha sempre alguma coisa. E por fim a pergunta dos milhões, será que vale a pena isto tudo, será que pelo menos vamos ganhar? Força ligeiros, pelo menos vamos entrar no verão com corpinhos “Danone”, sem termos necessidade de gastar dinheiro nas tretas dos ginásios, como a maioria dos mortais fazem.