Ressaca do Campeonato de Verão.
Como acontece sempre, podemos ganhar tudo que há para ganhar, obter resultados incríveis em provas que apenas participamos por participar, quando não se ganha a ultima prova, o shell de oito, a festa está estragada, por muito que dirigentes, treinadores e mesmo atletas o tentem esconder ou ocultar, esta é a realidade, desde que eu remo sempre foi assim e sempre será, o shell de oito esta para o Caminhense como o oxigénio para o ser vivo.
Podemos dar voltas e voltas, andar a pensar no que falhou, ganhamos todo o ano, provas muito importantes e provas menos importantes, na altura certa perdemos, o Náutico estava forte, não tinha a pressão que nós tínhamos, talvez tenha preparado muito bem este nacional, abdicando de participar em algumas regatas, mas nem na cabeça do maior pessimista poderia estar a ideia de tal diferença, a prova correu mal, assim me confessaram alguns dos remadores, o barco não saiu como em outras alturas, dias bons e dias maus todos temos, foi pena termos o dia mal logo quando devíamos de ter o dia bom, acontece, a tristeza era enorme em todos nós, os olhares que cruzávamos uns para os outros em silencio eram bastantes expressivos, todos pensávamos no mesmo “como é possível termos perdido hoje”.
Resolvi regressar para Caminha na carrinha com a tripulação do oito, como é normal nestes casos a tristeza era mais evidente nuns do que em outros, mas em nenhum momento se tentou arranjar qualquer tipo de desculpa para este resultado, apesar de serem todos bastantes jovens, e de estarem mais habituados a conviver com vitórias, absorveram positivamente este fracasso, e prova disso é que em nenhuma altura da viagem se falou na prova, o assunto estava encerrado, eles, assim como eu e como quem treina assiduamente no clube, sabiam bem o principal motivo de não terem conseguido vencer, e terem ocupado um lugar tão irreal para com o verdadeiro valor deles, por isso espero que todos eles já estejam a pensar em corrigir este erro, em lavar a cara, e a única forma é trabalhar, e eu tenho a certeza que eles vão trabalhar mais, ás vezes são estes momentos que nos fazem crescer, espero que assim seja, este ano ainda temos a Taça de Portugal, vamos lá para dignificar uma vez mais este clube que amamos, estas pessoas que trabalham connosco, estamos todos no mesmo barco, nos bons e nos maus momentos.
Falando agora um pouco nas outras equipas, o oito peso ligeiro, juntamente com o Baixinho e o João Tiago, sou um dos veteranos desta equipa, por isso, tudo aquilo que eu tenho para falar acerca desta verdadeira equipa, são coisas positivas, estivemos sempre juntos, nos bons e menos bons momentos, porque maus momentos eu acho que nunca tivemos, felizmente, forçamos mais os treinos no ultimo mês, por vezes treinos bons, por vezes menos bons, compartimos o mesmo respeito que os adversários nos mereciam, e acima de tudo, acreditamos que poderíamos vencer, o final foi feliz, e para finais felizes poucas palavras são precisas, mais um titulo que vou guardar na minha memória para sempre. O dois com júnior, o Rui e o Cláudio além do valor que têm pela grande vitória que conquistaram, para mim tem outro motivo de alegria, eles são parte activa do sucesso do nosso oito ligeiro, sempre que faltava alguém, quer em treinos, quer em regatas, lá estavam eles, muitas vezes prescindiram de treinar no barco deles, para tapar um furo no oito ligeiro, por isso tenho de lhes agradecer e esperar que continuem tão dedicados como até agora, porque tenho a certeza que o futuro lhes continuará a proporcionar muitas alegrias. O dois com sénior, conhecendo o Álvaro e o Hélio como eu os conheço, não tinha duvidas em afirmar que se iriam entender ás mil maravilhas nos poucos treinos que tiveram hipótese de realizar, conhecendo também, o valor físico e técnico que ambos possuem, menos duvidas tinha ainda que iriam ganhar, por isso não foi surpresa nenhuma para mim, embora ficasse muito contente por assim ter sido, porque sei bem o que o isto do remo significa para eles. O dois sem sénior, o mesmo que no ano anterior venceu a prova júnior, o Jaime e o Renato, eles já me tinham dito que iam subir ao pódio, acreditei, praticamente não treinaram nada neste barco, andaram sempre no oito ligeiro, estiveram sujeitos à rigorosa dieta de ligeiros, mas mesmo assim mostraram que ainda funcionam como uma boa equipa, fizeram uma prova espectacular e mostraram porque são remadores de selecção.
O Baixinho, antecipou-se a mim, aquando de pedir para ser inscrito na prova de skiff sénior, ainda pensei em desafiá-lo para um teste de skiff no clube, mas melhor não, pessoas como ele é perigoso desafia-las, o Seixinho que o diga, será que já lhe pagou as duas cervejas que apostaram, ao “ Mina” não se pode negar nada, muito menos a estreia do seu barco novo numa prova, boa sorte para as aventuras que vai fazer nas provas de veteranos. O quatro com sénior, três remadores da selecção e um que só não é, porque não quer, não treinaram muito, mas o seu valor e o facto de remarem juntos no oito bastou para ganharem comodamente, resta saber se os quatro quilómetros que fizeram a mais que todos os outros passou factura no oito ou não, são aquelas coisas que nunca se saberá, nem eles mesmos saberão. Não posso fechar esta postagem sem falar de dois remadores que são amigos inseparáveis, o meu primo Tiago e o Pedro Moçozinho, os únicos atletas que não conseguiram chegar ao titulo nacional neste campeonato, mesmo assim cada um deles já venceu três títulos este ano, por isso também não fica nada mal deixarem alguma coisa para os outros. Saudações desportivas para todos.
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