Campeonato Nacional de Fundo CATASTRÓFICO!

Foi como eu já esperava uma verdadeira catástrofe este campeonato nacional de fundo, o que se fez e o que se passou no rio Douro na tarde domingo passado foi tudo menos remo, muitas ocorrências para que se possa considerar um evento normal.
Não tinha duvidas que iria haver imensas provas que em vez de ganharem os melhores iriam ganhar os mais espertos ou os mais afortunados, quando me desejavam boa sorte antes de uma regata pensava sempre para mim, no remo quase não importa ter sorte, é preciso é ser forte e estar bem preparado, mas a partir de agora, em provas cá em Portugal, e com este tipo de organizações, acho que realmente o factor mais importante para se ganhar um titulo nacional é a sorte, por muito que me custe a aceitar isto, esta é a realidade.
Realmente até temos que entender algumas coisas, provavelmente para uma pessoa normal que veste um fato todo “janota” com o escudo de uma federação nacional no casaco e passa a tarde toda dentro de uma barraquinha bastante simpática e agradável na chegada de um percurso de remo a sociabilizar com outras individualidades e a pensar que esta a divulgar da melhor maneira uma modalidade da qual diz gostar muito e se achar o seu expoente máximo, talvez não se aperceba de nada, ou até talvez possa achar algo estranho como na maior parte das regatas as embarcações chegam tão distanciadas umas das outras, e algumas delas mal cruzam a meta se mostrem revoltadas com alguma coisa, é normal, essa pessoa apenas esta a ver a parte final de um verdadeiro filme de acção, cheio de peripécias de todo o tipo e mais, sem recurso a duplos, as cenas mais difíceis, as de risco puro são realizadas por nós mesmos, por remadores, que continuam a acreditar que o remo poderá vir a ser um dia um grande desporto, um desporto conhecido e reconhecido, em que todos saibam apreciar e reconhecer todos os esforços de quem o pratica, pois bem, talvez o melhor seria essa pessoa, um dia não ter receio de sujar o seu lindo fato, embarcar numa das suas lanchas, acompanhar uma ou duas regatas e com os seus próprios olhos contemplar tudo o que pode acontecer no que deveria ser apenas uma simples e normal prova de remo de um campeonato nacional, faça-o, o meu recto esta lançado, uma coisa eu posso-lhe garantir, a mim, Rui Viana, o senhor não me vai ver mais a disputar um campeonato nacional de fundo na ribeira do Porto, disso pode você ter a certeza, eu sei que isso para si é igual ao litro, mas, no seu circo eu já não vou trabalhar mais.
Por mim, realmente nem me sinto muito desiludido, no remo já fiz o que tinha a fazer, a minha historia, boa ou má está feita, agora para o pessoal mais novo realmente é frustrante ver como as coisas funcionam aqui dentro, alguns juniores do Caminhense continuam a dizer-me, Rui aquilo em Sevilha é que era remo, que experiência espectacular, alguns têm essa sorte, em fazerem algumas regatas lá fora e verem realmente o que é remo a sério, mas há outros que nunca iram ter essa sorte, continuaram a pensar que remo é aquilo que fazem cá em Portugal, sinceramente sinto-me triste por isso e não tenho duvidas que muitos abandonam a modalidade e se desliguem totalmente dela por coisas deste género, se servir de algo, para eles, continuem a acreditar, hoje o remo é isto que se vê, mas talvez daqui a uns anos isto possa melhorar e vocês possam realmente sentir orgulho em dizer que são remadores.
De facto continua a ser bastante caricato pensar que é nestes sítios que se pode divulgar a modalidade, porque é esta a explicação utilizada para fundamentar a realização deste campeonato nacional neste local, embora o verdadeiro motivo seja outro, apoios, bastantes euros poupados para ser mais preciso, parece que até 2009 é o que temos. Só mais um apontamento que me pareceu caprichoso, a tenda instalada na meta realmente estava muito acolhedora, bem isolada e protegida por um gradeamento metálico, agora pergunto eu, a mão de obra deste campeonato, os remadores, os barcos, remos, atrelados, carrinhas ou autocarros dos clubes, estavam ao Deus dará, em cima dos passeios no meio do “maranhal” de transeuntes que por ali passavam claro, porque não me acredito que ali andassem para ver remo, de certeza que cerca de 80% das pessoas que por ali passaram não foram lá para ver remo, foram lá porque todos os domingos à tarde lá vão e de certeza que alguns até hoje deveram estar a comentar com os amigos que descobriram um novo e engraçado desporto radical, o remo, isto só para dizer que, já no fim da tarde assisti a uma cena engraçada, um miúdo, cara de reguila com um pauzinho de características interessantes na mão, às “pauladas” aos barcos que ali se encontravam encima dos cavaletes enquanto assobiava uma musiquinha todo contente da vida, enfim, mais um simpatizante que o remo ganhou.