Taça de Portugal

Já me tinha esquecido daquelas diabólicas estradas que contornam os vales do rio Douro, mais uns quilómetros e estava o caldo todo entornado, mas, depois da dura e tortuosa viagem, lá conseguimos chegar à pequena e acolhedora localidade de Caldas de Aregos, quem não tinha chegado ainda, e parecia que já não ia chegar a tempo para as regatas era o nosso atrelado com os barcos, mas depois de uma boa espera lá chegou.
O local, bastante agradável, como em quase todas as pequenas localidades junto ao Douro interior, o sossego e a descontracção são a constante, nesta regata ainda mais, porque a Taça de Portugal tem uma particularidade, á excepção de um ou outro clube, os restantes praticamente apenas participam para marcar presença e despedir a época de uma forma activa, pelo que o ambiente se torna mais festivo que competitivo.
As condições do local para a pratica da modalidade, essas já não me pareceram tão idóneas, o plano de água esteve bastante alterado durante todo o dia, vento sempre constante, e segundo as gentes de lá, parece que já é habitual, quanto ao resto, o parque para atrelados e embarcações muito pequeno, ou mesmo inexistente, pois tratava-se de um acesso a uma pequena marina ali existente, imagino como seria se a participação fosse maior ainda.
Comentaram-me á dias que a organização deste evento, hoje em dia, está a cargo das autarquias, o que de certa maneira até é bem idealizado, e muito melhor para a federação, mas cuidado, quem de direito, de parte da federação deve verificar com certa antecedência se os locais reúnem as condições mínimas e necessárias para que tudo possa decorrer em normalidade, e fazer as correcções precisas quando possível, por exemplo, naquele local, o sitio onde deveriam ficar os barcos e atrelados era o mesmo onde estava montada a bancada e a tribuna com o pódio, pois era o local mais amplo, e certamente suportaria tudo isto, apenas seria necessário montar duas pranchas, uma para embarques e outra para desembarques, mas tirando isto, de resto até estava tudo mais ou menos.
Falando agora da parte desportiva, das 11:00 horas até ás 13.00 horas, as eliminatórias, não se pode dizer que tenha havido surpresas ou destaques, provas de 500 metros são mesmo assim, até quem parece não contar muito para as vitórias pode lá chegar, basta fazer uma boa largada, aguentar pouco mais de um minuto a “gás colado” e tá feito, por isso nada a destacar. Todas as nossas embarcações passaram as eliminatórias, á excepção do Zé no skiff, de referir que foi altamente prejudicado com o rumo de outro participante que o abalroou literalmente, obrigando-o a parar por alguns segundos, depois claro, nestas provas não há lugar a recuperações, qualquer falho é decisivo, já não conseguiu chegar lá, apesar de bem o tentar, não sei bem se o juiz arbitro não deveria ter intervido de outra maneira, de regulamentos não entendo nada.
Parte da tarde, as finais, das 17:40 até as 18:20, a nossa primeira, o 2X, dois juniores a conseguirem o 2º lugar e a concluírem desta maneira uma muito boa época, apenas tivemos três remadores deste escalão no clube, de qualquer maneira, três bons atletas, para o ano que vem o Cláudio continua no escalão, já o Rui passa para os seniores, falta só saber se para ligeiro ou absoluto. Segunda final, 4-, quatro ligeiros do nosso oito campeão nacional, motivados para tentar fazer a vida difícil à forte e rápida tripulação do Fluvial, não conseguiram, uma semana foi pouco tempo para prepararem esta prova, de maneira que ainda foram surpreendidos pela tripulação do ARCO, terminando assim em 3º lugar, o que também não está nada mal. A vez do 4X, a palhaçada total do dia, não há outra descrição possível, fiquei sem saber qual o objectivo da realização de eliminatórias, deveria ser para eliminar alguém, por isso é que se chamam eliminatórias, aparecem na final equipas que nem eliminatórias realizaram, aparecem na final equipas que supostamente ficaram eliminadas nas eliminatórias, uma final com mais equipas do que nas duas eliminatórias realizadas, depois fala-se de tempos, uma verdadeira trapalhada, não me interessa saber os motivos, nem de quem foi a falha, só sei que foi uma vergonha, e pior ainda, o meu clube também resultou prejudicado com tudo isto, houve implicados que pontuaram mais que nós, será que houve caldinho feito para alguém, mas siga, fiquem lá com a Taça, nós estamos atentos. Nesta prova ficamos em 3º lugar, num clube como o nosso, em que não existe tradição alguma em quadriscull, e praticamente só se monta esta embarcação para esta prova, seria difícil conseguir melhor, se bem que a equipa era forte, a baixa do Virgílio também dificultou um pouco mais as coisas. Ultima prova, 8+, algumas equipas decidiram não participar, outras decidiram participar sem as suas equipas principais, daí que ficou bem claro desde o início que a luta ia ser entre nós e a tripulação do Infante, a sorte sorriu-nos a nós, também fizemos por isso, já largamos uma proa atrás, e largamos pior, chegamos a andar cerca de meio barco atrás, mas sempre com um ritmo muito alto, sem nunca baixar a cadencia ao longo da regata, conseguimos recuperar e ainda ganhar com alguma vantagem. O saldo final desta edição da Taça de Portugal para nós foi positivo, o nosso clube nunca aspira a vencer esta competição, mais que não seja pelo facto de não existirem tripulações femininas no clube, se bem que em termos de masculinos ficamos muito perto de o conseguir. Está assim terminada a época desportiva por este ano, ou melhor não, talvez faça ainda uma perninha no nacional de veteranos, já que tenho idade para isso, por que não aproveitar, mas ai já é na desportiva e em clima de férias.

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