Campeonato Nacional de Inverno de Veteranos

Um pouco tarde, mas sem querer passar este acontecimento em branco, no passado dia 10 de Fevereiro, realizou-se mais um Campeonato Nacional de Inverno para a classe de veteranos, e como quando se chega a uma certa idade, como é o meu caso, só temos mesmo é que aceitar, que de facto já somos mesmo veteranos, lá fomos uma vez mais à pista de Montemor-o-Velho tentar defender os três títulos que havíamos ganho no nacional de verão da época passada, realizado no mês de Julho.
Saímos bem cedinho porque as provas estavam todas programadas para a parte da manha de maneira a que este evento concluísse com o respectivo e habitual almoço de convívio e entrega de prémios, fizemos uma viagem relativamente rápida e tranquila, sempre com o ambiente alegre e descontraído habitual na classe dos veteranos, mal chegados a Montemor o pior momento do dia, um dos nossos atletas foi informado do falecimento de um familiar, um pequeno momento de uma mistura de sentimentos, tristeza e alguma incerteza até que, com a determinação que o caracteriza, disse com convicção, “não se passa nada pessoal, viemos cá para remar e vamos remar”, mãos à obra, toca a montar o material para fazermos aquilo que mais gostamos, remar e competir, o que, em muitas alturas da nossa vida pode ser o melhor analgésico para esquecer, nem que seja momentaneamente, algumas tristezas e dissabores que a vida nos proporciona, como neste caso.
Estaria a mentir se dissesse que não estamos numa situação de alguma vantagem nesta competição em relação à maioria de equipas, somos quase todos mais jovens que o grande grosso dos participantes, embora haja diferenças de escalões dentro da própria classe de veteranos e essa divisão seja sempre efectuada, e ainda por cima, a grande maioria de remadores veteranos do Caminhense, ainda se encontram no activo, a competir nas provas do calendário nacional, pelo que fisicamente devemos de estar um pouco melhor que os demais, treinamos quase todos os dias, outro aspecto importante, contamos com o melhor material, bem mais moderno que a grande maioria dos adversários, vi lá algumas embarcações que eram dignas de estar expostas em museus, verdadeiras relíquias, mas isto também se torna interessante e bonito, o facto de ver embarcações a competir com quase tanto tempo de vida como a dos atletas que lá remam, mas claro, as oportunidades são para serem aproveitadas e é o que todos tentam sempre fazer.
Falando das provas, lá conseguimos defender os três títulos conquistados no verão, o 4+H b, 2XH b e 8+H a, com maior ou menor dificuldade, vencendo apenas na nossa categoria ou a geral, o que de facto conta é participar, competir e dar o nosso melhor de uma maneira saudável e alegre, olhar para a nossa volta e dizer “ olha ali o fulaninho que em mil novecentos e troca o passo remou contra nós”, “olha o Manel que remava no oito do clube dos não sei quantas, ta pouco gordo tá”, “ hei, olha aquele gajo, tá mesmo velhote”, enfim conversas típicas de veterano, mas que ao mesmo tempo nos enchem de boas recordações e de uma certa nostalgia.
E agora, para provar que eu não sirvo apenas para criticar pela negativa as organizações e regatas nacionais, tenho de referir que este campeonato em termos organizativos esteve bastante razoável, pelo menos não me dei conta de nenhuma acontecimento em contrário, é evidente que o facto de esta competição ser realizada num local como este, uma pista de remo e os competidores serem veteranos também facilita muito as coisas, e tirando apenas alguns “caprichos” por parte dos juízes árbitros, porque realmente têm de ser assim classificados, tudo decorreu em perfeita normalidade, uma boa organização é como um bom arbitro de futebol, quanto menos se ouvir falar dele, melhor, sinal que fez uma boa arbitragem, por isso os meus parabéns a quem organizou e colaborou neste evento.
Para terminar, apenas gostaria de registar duas situações, que espero que sejam recebidas como uma opinião positiva e não como uma critica, a cronometragem, continuamos a fazer provas que não são cronometradas, será assim tão difícil fazer uma cronometragem das provas, penso que não, apenas é necessário ter dois relógios sincronizados com o mesmo tempo, e a partir dai, é só dar ao dedo, parece um pequeno pormenor mas, o tempo ainda continua a ser importante no remo, outro aspecto que também me continua a entristecer e preocupar bastante, a pista, cada vez faltam mais bóias, e as que sobram cada vez estão mais deterioradas e desalinhadas, já para não falar do resto de infra-estruturas básicas e importantes que continuam a faltar e ninguém se preocupa com isso. Agora, competição para veteranos só em Julho onde espero estar uma vez mais presente, de maneira a continuar a defender o nosso pequeno reinado, até lá, um abraço a todos os veteranos que continuam a amar e desfrutar com o remo.

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